ALERTA DE SPOILERS: Este texto poderá conter revelações do enredo. Se você tem intenção de ler o livro, talvez seja melhor voltar depois. Fica a dica!
Título: A Esperança
Autora: Suzanne Collins
Título original: Mockingay
Tradução: Alexandre D'Elia
Editora: Rocco
Páginas: 424
*Li em E-Book.
Vou tentar escrever este post da maneira mais breve possível, sintetizando bem o enredo para evitar ficar fazendo muitas revelações importantes, mas manifesto prontamente a minha dificuldade em não detalhar a história. Por isso, eventualmente poderão aparecer spoilers.
Começamos o último livro da Trilogia Jogos Vorazes exatamente do ponto onde terminou Em Chamas. Somos apresentados ao Distrito 13 e seus habitantes. Vemos como os acontecimentos ocorridos no livro anterior impactaram a vida de todos os personagens. Neste livro, vemos Katniss lutar para se reerguer depois de tantos sofrimentos e traumas, vemos as marcas deixadas por tanto banho de sangue. Ficamos sabendo detalhadamente sobre o levante contra a Capital, como os distritos estão se rebelando contra a opressão do presidente Snow. No meio de tudo isso, vemos Katniss se transformar no rosto de uma rebelião, a verdadeira
mockingjay, aquela que é capaz de dar voz ao povo de Panem.
Neste livro, continuamos vendo os eventos a partir do ponto de vista da Katniss, que é a narradora. A história é contada de forma linear, sem grandes cortes na narrativa ou saltos no tempo. Isso me agrada porque o leitor vai descobrindo os detalhes na trama da mesma forma que os personagens, aos poucos, após uma boa dose de envolvimento. Percebi que este último livro tem um apelo psicológico ainda maior que os anteriores. A narrativa vai ficando mais densa, mais aflitiva a cada página. A escrita da Suzanne Collins continua bem envolvente.
Era comum durante a leitura eu me sentir como se estivesse de fato no Distrito 13. Me via ansiosa com a possibilidade da guerra, revoltada com as decisões da líder do distrito 13, Coin, machucada como a população. Enfim, foi mais que envolvimento, foi empatia profunda. Mesmo assim, não fiquei livre de aborrecimentos. No início, achei o livro um pouco massante, nada demais, só queria a antecipação de alguns fatos, apesar disso me mantive empolgada com a leitura como aconteceu com os livros que precederam este.
Pela primeira vez me vi chateada com o triângulo amoroso. Embora ficasse nítida a relação de afeto entre Katniss e Peeta, sempre tinha o Gale no meio da história. Estavam todos lá, devastados pelo efeito da guerra e ainda assim a Katniss era incapaz de perceber com clareza seus sentimentos. Sei que o que ela viveu foi muito difícil, mas não dava mais para engolir esse triângulo (minha humilde opinião). Peeta sai um pouco de foco, Gale passa a ter mais destaque no livro.
Mas à medida que a narrativa fluía e a gente avançava na história, ficava praticamente impossível largar o livro. Eu gostei da expectativa que foi plantada em mim, gostei da dualidade provocada, porque se por um lado eu queria saber logo o fim, por outro, me negava a permitir que o fim da história chegasse. Queria que os acontecimentos do final tivessem sido mais explorados, mais desenvolvidos... Só que tudo bem, estou muito mais do que satisfeita com o que recebi.
O que me desagradou no fim e me fez, aliado a outros fatores, não colocar esse livro em um patamar melhor, foi a escolha da Katniss, porque não houve uma escolha. Me pareceu que a vida seguiu e as coisas aconteceram do jeito que aconteceram porque outros personagens tomaram a decisão pela Katniss. Eu gostaria que ela tivesse chegado a uma conclusão antes, forte, definitiva. Gostaria que ela tivesse sido capaz de lutar pelo amor da vida dela e não ficar conformada com o que ia acontecendo. Para uma pessoa que já perdeu tanto, ela deveria ser mais capaz de agarrar o que ela quer.
Fiquei tristinha com a história do Finnick também.
Resumindo, gostei muito do livro, acho que foi um ótimo final, bem amarrado, bem construído. Só não sei se o escolheria como o meu preferido da série. Tenho dúvida ainda. Posso mudar de ideia depois, mas acho que meu preferido ainda é Em Chamas. A única coisa que posso afirmar com certeza é quero fazer uma releitura da trilogia no futuro.