quinta-feira, 15 de maio de 2014

O segredo do meu marido (Liane Moriarty)

Título: O segredo do meu marido
Autora: Liane Moriarty
Título original: The husband's Secret
Tradução: Rachel Agavino
Editora: Intrínseca
Ano: 2014
Edição: 1ª
368 páginas




Atendendo ao pedido especial da minha mãe, que me presenteou com um exemplar deste livro (sem nenhum interesse, claro! cof, cof), venho apresentar meus comentários a respeito do "O segredo do meu marido", da Liane Moriarty.

O segredo do meu marido foi o best-seller nº 1 do The New York Times. Ele tem uma premissa bem interessante, não me recordo de ter lido nada parecido com o enredo, que traz uma abordagem focada nas consequências e mudanças que um segredo pode trazer (e se esse segredo é guardado pelo teu marido então... Nem se fala!). Já no início, a história faz um paralelo com o mito de Pandora. Este mito fala, mais ou menos, genericamente falando, que a curiosidade libertou o mal do mundo, por aí você já pode imaginar que virão grandes turbulências desta história.

Mas do que fala o livro? O livro aborda o cotidiano de três mulheres cujas vidas são alteradas por alguns eventos e que acabam se interligando por causa desses acontecimentos.

Uma dessas personagens é a Cecilia Fitzpatrick. Cecilia é casada com John-Paul e juntos possuem 03 filhas: Isabel, Esther e Polly. Cecilia é católica e muito conhecida em sua comunidade pelo engajamento nas suas atividades e por ter sucesso como consultora da Tupperware. Ela é extremamente organizada (e conhecendo minha mãe, fica fácil saber porque ela se identificou com esta personagem), alto-astral e dinâmica. Tem o casamento perfeito com John-Paul, que é um cidadão modelo e pai amoroso. Um dia, Cecilia procurando um pedaço do Muro de Berlim para presentear a filha do meio, Esther, encontra um envelope endereçado a ela dizendo: "Para ser aberto apenas na ocasião da minha morte". Quem escreveu foi John-Paul. A partir daí começamos a ver rachaduras na vida perfeita do casal, percebemos que essa vida tem mais algumas cores além do rosa.

Conhecemos também Tess, uma publicitária introvertida, com ansiedade social, casada com Will e mãe de Liam. Já no começo do livro ficamos sabendo que Will está apaixonado pela prima (e melhor amiga) da esposa: Felicity. E por último, somos apresentados a uma senhora de 68 anos chamada Rachel Crowley. Rachel é viúva de Ed, mãe de Rob e Janie, secretária na escola St. Angela, onde estudam as filhas de Cecilia e onde Tess estudou. Em 06 de abril de 1984 aconteceu um fato que mudou a vida da família Crowley.

A autora soube construir o texto de uma maneira bem envolvente, não apenas com a eloquência das palavras, mas também com uma estrutura que permitiu explorar bem seus personagens. No início, o livro traz capítulos mais longos, um para cada protagonista, o que permitiu que todas fossem exploradas adequadamente na história. Depois de realizadas as inserções, os capítulos passam a ser mais curtos e vão mesclando os acontecimentos da vida das três, deixando a narrativa mais fluida e dinâmica. Ponto para Liane Moriarty.

Gostei muito do fato do livro ser ambientado na Austrália, isso ajuda a sair do lugar comum e da tão vendida cultura americana. Achei que a construção da Tess foi muito bem elaborada, a escritora soube desenvolver bem as características de uma pessoa introvertida. Ela conseguiu criar uma personagem crível, alguém que consegue causar uma conexão com os introvertidos. Eu me identifiquei muito. Teve um ponto específico da personalidade de algumas figuras que me chamou atenção e me fez criar uma certa antipatia, nada demais, mas achei que todos eram muito apegados a aparência, a imagem física. Alguns elementos me pareceram um pouco preconceituosos com os mais gordinhos, mas tentei encarar esse fato apenas como um recurso de construção da personalidade dos personagens.

O jogo de suspense da história foi muito bem construído, mas apesar disso achei um pouquinho previsível, porque desde o princípio desconfiei do que se trataria o segredo do marido e outros fatos relevantes. Essa previsibilidade pode desencantar algumas pessoas, mas a mim não incomodou tanto, porque amo adivinhar o que vai acontecer nos livros e filmes. É tão bom quando estou certa! E só me deixou com mais vontade de saber como ia se desenrolar essa trama. O foco não era o mistério do segredo, mas o impacto que ele causaria na vida das pessoas envolvidas.

Até pouco tempo, meu foco literário era a literatura jovem, agora é que meu gosto está amadurecendo, porque tenho amadurecido como pessoa, então essa mudança de universos me causa ainda algumas estranhezas. Talvez por isso, lá para o meio do livro, não tenha conseguido me conectar tanto, estava gostando do que lia, mas não muito envolvida. Só que quando foi se aproximando do final não queria largar o livro. A história me prendeu de vez. Ou terminava o livro, ou terminava. Chegou um momento em que tive que abrir mão até do sono, porque não poderia dormir mais uma noite sem saber o final. É uma história muito boa, é um misto equilibrado de suspense e drama.

Vi uma pessoa comentar que não gostou da capa, que ela não representava a história. Eu discordo. Particularmente gostei demais dessa capa. Achei simplesmente linda. Essa rosa se desintegrando, quebrando como gelo fino, me passou uma ideia de fragilidade, de fim. Verdade e mentira se relacionam bem com esses conceitos, porque são fatos que mudam tudo, até a forma como enxergamos uma flor.

Concordo com quem disse que o título não vende bem o livro. Realmente não esperaria uma narrativa como essas saindo de um livro intitulado o segredo do meu marido, que me remete a chick-lit (livros de mulherzinhas), mas gostei que a tradução foi fiel ao titulo original.

Encontrei alguns erros de revisão, não muitos, mas alguns eram erros básicos de concordância. Fico para morrer com erros de revisão. Mas lendo rapidamente e sem muito foco não dá para perceber.

Já que estou falando de coisa ruim, vou falar da cobra (ops!) sogra da Cecilia, a senhora Virginia Fitzpatrick. Que mala sem alça, mulher mais insuportável! Com uma sogra dessas eu mudava até de mundo, imagine de país.

Resumindo, recomendo a leitura. Gostei muito, achei uma surpresa bem agradável. É um livro incrível. Deve agradar aos mais diferentes gostos.







Encontrei no site da Intrínseca, um texto que debate como a capa do livro pode ser um instrumento de persuasão. São analisadas quatro capas e como elas ajudam o leitor a criar conjecturas sobre a trama, para ler o texto na íntegra clique aqui.



A minha preferida continua sendo a brasileira (que é igual a americana), apesar que prefiro quando as capas são fidedignas ao original. E vocês o que acharam das capas? Falem aqui nos comentários qual a preferida de vocês.




Sobre a autora:

Foto: Peoples Russa

Liane Moriarty é uma escritora australiana, nascida em 1966 em Sydney. Antes de se tornar escritora, Moriarty trabalhou no departamento de propaganda e marketing de uma editora de livros jurídicos e como escritora freelancer. Sua primeira obra publicada foi Three Wishes (2004), como parte de sua dissertação de mestrado na Macquarie University. Após sua estréia literária, publicou mais quatro obras: The Last Anniversary (2006), What Alice Forgot (2010), The Hypnotist's Love Story (2011) e The Husband's Secret (2013). (Fonte: Skoob)

4 comentários:

  1. Amei seu post, principalmente com referência a minha pessoa, obrigada.
    O que um segredo não faz na vida de uma pessoa, todos tinham um segredo,
    em função desses segredos é que a vida de todos os personagens foram fragmentadas,
    mudadas, e erros que poderia ter evitados essa fragmentações. Beijocas

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    1. Não tem de que. ;)
      Continue patrocinando uns livros que a menção está garantida. Brincadeira.
      O mais interessante é isso mesmo, a questão das complicações trazidas por segredos. Todos tinham um segredo e o que me chamou mais atenção foi o fato de que os segredos não afetavam a vida de um pessoa exclusiva, mas de todos que entravam em contato com as escolhas do outro. Obrigada pelo comentário!

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  2. Com referência a capa prefiro a brasileira, pois observando, já dá para perceber o desenrolar da história. Pois a desintegração da rosa, se assemelha
    a vida dos personagens, que vão ruído na fragilidade da condição humana, diante de algo avassalador.

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    1. Pois é! Também acho isso. Tem muita gente na internet reclamando da escolha dessa capa, mas eu achei excelente. Acho que diz muito da história, me vende o enredo. Que bom que pensamos igual, né mamuska?

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