domingo, 9 de março de 2014

O sol é para todos (Harper Lee)

Título: O sol é para todos
Autora: Harper Lee
Título original: To kill a mockingbird
Tradução: Maria Aparecida Moraes Rego
Editora: Abril Cultural
Páginas: 317
Ano: 1982




Minha história com esse livro começou antes mesmo de adquiri-lo. Alimentei durante anos o desejo de ler esse clássico, como não existem cópias dele circulando no mercado atualmente, tive que recorrer aos sebos. Na época, estava vivendo um período de vacas magras (que ainda continuam desnutridas, pobrezinhas...), por isso acabei optando por uma edição baratinha, coisa de 03 reais e cinquenta centavos, aproximadamente. Havia uma observação na descrição do produto: "falta uma folha". Pensei que seria a primeira, porque muita gente coloca o nome e na hora de vender destaca a folha, então imaginem a minha surpresa quando o livro chega e percebo que a página faltante era a 174. Ri para não chorar. Trollagem total. Felizmente esse episódio não estragou minha experiência de leitura.

Iniciei a leitura no fim de janeiro, aproximadamente, e acabei na última semana de fevereiro. Em virtude de muitos contratempos pessoais, fiz de uma leitura prazerosa e relativamente curta, uma atividade custosa e muito prolongada. Minha experiência foi tão fragmentada que minhas lembranças são apenas recortes de alguns trechos que li.

O sol é para todos conta a história da família Finch, família tradicional da cidadezinha de Maycomb, no Alabama. Quem narra o livro é Jean Louise "Scout" Finch, uma garotinha de 08 anos muito perspicaz e responsável pelas passagens mais interessantes. Ela é irmã de Jem e filha de Atticus, advogado designado para defender Tom Robinson, um negro acusado de estupro. A narrativa discorre sobre a vida e costumes de Maycomb e, principalmente, sobre os dias preliminares e posteriores ao julgamento de Tom.

Esta obra prima é um clássico do gênero dramático (pelo menos assim me pareceu). A temática me atrai bastante. Gosto muito de obras que trazem elementos jurídicos ou investigativos. Isso já seria o suficiente para me prender. Mas o que mais me agradou foi ser inserida nos costumes da época. O contexto do livro traz uma realidade totalmente diferente da atualidade, no entanto, é retrato fiel de um período dos mais preconceituosos e opressores, já que o livro foi escrito em 1960, sendo ambientado, se não me falha a memória, na década de 30.

Podemos vivenciar por meio das palavras o peso do julgamento de uma sociedade que vive de aparências e ilusões, semeando os valores superficiais de relacionamentos construídos com base em visões deturpadas do mundo. Vemos claramente a segregação racial que imperava na época. O negro vivia marginalizado, liberto, porém escravo das convenções sociais. É um livro bastante enriquecedor.

Para mim, ele não teve nada de previsível. Me surpreendeu do início ao fim. E que fim!

Tornou-se um clássico, não poderia ser diferente. Leitura obrigatória nas escolas americanas. Sempre lembrado por um personagem que é de fato inesquecível. Atticus é um exemplo de virtude. Ler sobre alguém tão incorruptível é maravilhoso, um alento para alma. Nos faz ter esperanças no mundo.

A única coisa que me causou estranheza foi o fato de que se passaram vários verões e períodos letivos, mas a idade dos personagens permanecia imutável. Achei incoerente. Será que só eu percebi isto?

O sol é para todos foi escrito pela Harper Lee. Lee guarda suas semelhanças com a protagonista, ela nasceu no Alabama, também filha de um advogado. Ela mesma cursou Direito na Universidade do Alabama. Nascida em 1926, ganhadora de  um prêmio Pulitzer em 1961, escreveu apenas "O sol é para todos". Tinha uma grande relação de amizade com outro autor, Truman Capote.

Resumindo, é um livro espetacular. Maravilhoso. Eu recomendo totalmente. Pretendo relê-lo em um futuro próximo.


 



"Dill embarcara de novo em suas fantasias. Tinha coisas esvoaçando em seu cérebro. Podia ler dois livros enquanto eu lia um, mas preferia a mágica dos seus próprios sonhos.". (p. 165).

Nota: 5,0
(As notas são dadas de 0 a 5)

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